quinta-feira, 24 de novembro de 2016
sexta-feira, 11 de novembro de 2016
Partida
Partida
Ao ver escoar-se a vida humanamente
Em suas águas certas, eu hesito,
E detenho-me às vezes na torrente
Das coisas geniais em que medito.
Afronta-me um desejo de fugir
Ao mistério que é meu e me seduz.
(...)
A minha alma nostálgica de além,
Cheia de orgulho, ensombra-se, entretanto,
Aos meus olhos ungidos sobe um pranto
Que tenho a força de sumir também.
Porque eu reajo. A vida, a natureza,
Que são para o artista? Coisa alguma.
O que devemos é saltar na bruma,
Correr no azul à busca da beleza.
É subir, é subir além dos céus
(...)
É partir sem temor contra a montanha
Cingidos de quimera e d'irreal;
(...)
É suscitar cores endoidecidas,
Ser garra imperial enclavinhada,
(...)
Ser ramo de palmeira, água nascente
E arco de ouro e chama distendido...
Asa longínqua a sacudir loucura,
Nuvem precoce de sutil vapor,
Ânsia revolta de mistério e olor,
Sombra, vertigem, ascensão - Altura!
E eu dou-me todo neste fim de tarde
À espira aérea que me eleva aos cumes.
Doido de esfinges o horizonte arde,
Mas fico ileso entre clarões e gumes!...
(...)
Em suas águas certas, eu hesito,
E detenho-me às vezes na torrente
Das coisas geniais em que medito.
Afronta-me um desejo de fugir
Ao mistério que é meu e me seduz.
(...)
A minha alma nostálgica de além,
Cheia de orgulho, ensombra-se, entretanto,
Aos meus olhos ungidos sobe um pranto
Que tenho a força de sumir também.
Porque eu reajo. A vida, a natureza,
Que são para o artista? Coisa alguma.
O que devemos é saltar na bruma,
Correr no azul à busca da beleza.
É subir, é subir além dos céus
(...)
É partir sem temor contra a montanha
Cingidos de quimera e d'irreal;
(...)
É suscitar cores endoidecidas,
Ser garra imperial enclavinhada,
(...)
Ser ramo de palmeira, água nascente
E arco de ouro e chama distendido...
Asa longínqua a sacudir loucura,
Nuvem precoce de sutil vapor,
Ânsia revolta de mistério e olor,
Sombra, vertigem, ascensão - Altura!
E eu dou-me todo neste fim de tarde
À espira aérea que me eleva aos cumes.
Doido de esfinges o horizonte arde,
Mas fico ileso entre clarões e gumes!...
(...)
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